CARVALHAL, Álvaro Sousa Teles do
Nasceu em Padrela, freguesia de Argeriz, concelho de Valpaços, em 3.2.1844 e faleceu em Coimbra, em 14.3.1868. Completou somente 24 anos. Mas o seu nome conserva ainda hoje, na História da Literatura Portuguesa um forte poder sugestivo graças à composição de algumas novelas, tradicionalmente saudadas pela crítica como pertencentes à corrente de inspiração sombria e fantástica, tão episódica entre nós. Foi no teatro que o jovem autor se estreou quando cursava estudos humanísticos em Braga. Dessa época é O Castigo da Vingança! (1862), um melodrama de enredo complicado e de feição ultra romântica. De 1864 a 1868 esteve matriculado em Direito. Não chegou a completar o curso por causa de um aneurisma mortal. Em Coimbra se deixou influenciar pelas ideias – força de uma geração em efervescência. Chegou a entrar na polémica que opunha Castilho aos escritores vanguardistas, empenhados em tirar Portugal da letargia cultural em que mergulhava, abrindo-se à Europa. Chegou a atacar Pinheiro Chagas, em 23.11.1865, num poema que publicou no Diário Mercantil. Também cultivou a novela nas revistas de Coimbra da época: A Academia, a Revista de Coimbra e o Povo. Esses trabalhos seriam reunidos, a título póstumo, por J. Simões Dias (que fora seu amigo) a publicá-los num opúsculo a que chamou: Contos (Coimbra, imprensa da Univ., 1868). Aí se inserem os textos: O punhal de Rosaura, Os canibais, A Febre do Jogo, A Uestal, Honra Antiga e J. Moreno. Maria do Nascimento Oliveira, Prof. da Univ. do Porto, in Dicionário de Literatura Portuguesa, organizado por Álvaro Manuel Machado e editado pela Editorial Presença, em 1996, pp.102 e 103, caracteriza cada um desses seis contos de A. Carvalhal. Aí enuncia as obras principais que são: O Castigo da Vingança (Braga, 1862); Contos (c/ prefácio de J. Simões Dias, Coimbra, 1868). Este livro já teve uma 2ª edição, no Porto, em 1876. Em 1978, foi reeditado, em Lisboa, o volume: 6 contos frenéticos. Também em 1990, em Lisboa, se tinham reeditado, Contos e, em 1984, os Canibais. Consagrados autores se referiram à obra de A. Carvalhal: Sampaio Bruno, Fidelino de Figueiredo, José Régio, Manuel João Gomes, Maria do Nascimento Oliveira. Diga-se que esteve atento à Questão Coimbrã (1865). Alguns Contos, datou-os em Argeriz (2), e em Verin (1). E alguns dos personagens dos seus contos são figuras típicas de povoações vizinhas da sua: Avelada, Gundar, Ribô (de Rio Bom) e Vassal.